18.03.2020 -
A Comissão Económica
das Nações Unidas
para África (UNECA,
na sigla em inglês)
estima que a
economia de São Tomé
e Príncipe enfrente
uma quebra de 34,2%
na atividade
económica com a
redução no turismo
devido à Covid-19.
De acordo com um
relatório da UNECA
sobre o impacto do
novo coronavírus na
atividade económica
nos países da África
central, o
arquipélago de São
Tomé e Príncipe
poderá enfrentar uma
recessão de 34,2% na
atividade económica,
resultante da queda
do turismo, do
impacto no Orçamento
do Estado e das
medidas que vão ser
necessárias para
recuperar.
"A situação na
África Central é
ainda pior do que no
resto do continente
porque infelizmente
a perceção sobre a
evolução económica,
bem como a guerra de
preços entre a
Rússia e o Irão, a
que se junta uma
queda do preço do
petróleo de 60 para
30 dólares por
barril, está a
acontecer num
ambiente em que
vários países
africanos já estão
sob apoio do FMI",
disse o diretor do
departamento da
UNECA para a África
Central, António
Pedro.
"Os nossos
Estados-membros não
terão o dinheiro de
que precisam para
reagir à pandemia,
já que enfrentam um
duplo perigo: por um
lado são atacados
pelo vírus e
igualmente pelo
abrandamento do
crescimento
económico, e depois
não têm dinheiro
para responder a um
agravamento da
situação da
pandemia",
acrescentou o
responsável.
O relatório "mostra
os impactos
estimados nos países
da África Central em
percentagem do PIB
num cenário do
petróleo a 30
dólares", confirmou
à Lusa o responsável
por esta região que,
na divisão da ONU,
engloba Angola,
Burundi, Camarões,
República
Centro-Africana,
Chade, República
Democrática do
Congo, República do
Congo, Guiné
Equatorial, Gabão,
Ruanda e São Tomé e
Príncipe. A UNECA
alerta, num
relatório sobre o
impacto do Covid-19
em África, que o
crescimento
económico de 3,2%
previsto para o
continente este ano
pode reduzir-se para
1,8% devido ao
abrandamento
previsto na procura
das principais
economias
importadoras de
matérias primas e à
redução do preço do
petróleo.
"Dos milhares casos
conhecidos, cerca de
350 são em África,
mas o impacto
económico é
desproporcional",
lê-se numa nota de
análise divulgada
pela UNECA em Adis
Abeba, na qual
alerta que "o novo
coronavírus pode
fazer com que o
crescimento esperado
desça de 3,2% para
1,8%".
Na apresentação do
relatório sobre o
impacto da pandemia
no continente
africano, a
secretária executiva
da UNECA, Vera
Swonge, disse que o
facto de a China
estar a ser
severamente afetada
iria inevitavelmente
impactar também o
comércio em África.
"África pode perder
metade do
crescimento do PIB
devido a um conjunto
de razões, que
incluem as
perturbações na
cadeia de
fornecimento
global", disse a
responsável, notando
que o continente
está fortemente
ligado à Europa,
China e Estados
Unidos.
O continente,
acrescentou, vai
precisar de mais de
10 mil milhões de
dólares (9,04 mil
milhões de euros) em
aumentos nos gastos
de saúde para conter
a propagação do
vírus e, por outro
lado, para compensar
a quebra de receitas
que pode levar a uma
situação de dívida
insustentável.
No relatório,
explica-se que
"assumindo uma
exportação de barris
de petróleo este ano
idêntica em volume à
da média entre 2016
e 2018, com o preço
médio de 35 dólares,
a Covid-19 pode
fazer as receitas de
exploração caírem
para 101 mil milhões
de dólares [91,36
mil milhões de
euros] este ano", o
que representa uma
queda de 65 mil
milhões de dólares
(58,81 mil milhões
de euros). Entre as
recomendações
apontadas pela UNECA,
os peritos salientam
que "os governos
africanos devem
rever os orçamentos
para dar prioridade
às medidas que
possam mitigar os
efeitos negativos
esperados do
Covid-19 nas suas
economias".
A organização
considera ainda que
os governos devem
"dar incentivos aos
importadores de
alimentos para
comprarem
rapidamente
quantidades
suficientes que
possam ser
armazenadas,
financiar a
preparação para o
impacto, a prevenção
e as medidas
curativas, incluindo
a parte logística".
Além disso, apontam
os técnicos, os
governos africanos
devem "aproveitar a
crise para melhorar
os sistemas de
saúde, preparar
pacotes de estímulos
orçamentais como a
garantia de salários
àqueles incapazes de
trabalhar devido à
crise e favorecer o
consumo e o
investimento e
manter os
investimentos em
infraestruturas para
proteger os
empregos".
Manter o empenho no
acordo de livre
comércio africano
para "construir
resiliência
continental a longo
prazo e gestão de
volatilidade", por
exemplo apostando no
comércio
farmacêutico e de
produtos alimentares
básicos
intrarregionais são
outras das
recomendações dos
peritos da UNECA. O
barril de petróleo
desceu na
segunda-feira e
fechou a sessão
abaixo dos 30
dólares, o valor
mais baixo desde
2004.
O coronavírus
responsável pela
pandemia da Covid-19
infetou cerca de 170
mil pessoas, das
quais 6.850
morreram. Das
pessoas infetadas em
todo o mundo, mais
de 75 mil
recuperaram da
doença. O surto
começou na China, em
dezembro, e
espalhou-se por mais
de 140 países e
territórios, o que
levou a Organização
Mundial da Saúde
(OMS) a declarar uma
situação de
pandemia. (Lusa)