STP com números
preocupantes de
violência doméstica
e
abuso sexual de menores

14.11.2023 -
Centro de
Aconselhamento contra a
Violência Doméstica do
país regista, em média,
seis casos de agressões
no género por dia. Mais
de 280 casos de
violência doméstica
foram registados em São
Tomé e Príncipe, de
Janeiro deste anos até à
data, segundo dados
oficiais a que a FORBES
ÁFRICA LUSÓFONA teve
acesso. De acordo com a
directora do Centro de
Aconselhamento contra a
Violência Doméstica (CACVD)
de São Tomé e Príncipe,
instituição que no
passado dia 08 de
Novembro completou 17
anos de existência, Além
de agressões, os abusos
sexuais de menores tem
sido outra das
preocupações das
autoridades.
“O número
para nós é alto. Isso
sem fazer as contas ao
nível dos distritos onde
temos os gabinetes que
fazem atendimento as
vítimas de violência
baseada no género.
Agressões físicas estão
em maior número.
O número
de casos tende a
aumentar a cada dia que
passa”, referiu Sónia
Afonso. A responsável
considera que, com a
abertura do centro e
campanhas de divulgação
sobre a existência da
instituição, as vítimas
têm tido mais coragem
para denunciar e buscar
apoio. Sónia Afonso diz
acreditar que uma maior
divulgação da lei poderá
ajudar a travar a “onda
crescente” de violência
doméstica no país. “Há
um aumento elevado. É
muito preocupante. Em
quase 15 dias tivemos
oito casos de abuso
sexual de menores. Isso
é grave. E são dados
apenas relativos as
vítimas que nos
procuram. E as que
sofrem caladas? As que
as famílias não permitem
falar por medo ou tabú?
Temos de
seguir mais as nossas
crianças”, aconselhou a
directora do CACVD,
realçando que os maiores
casos de abusos [sexuais
a menores] “estão nas
famílias, nas escolas,
nas pessoas que ficam
perto das nossas
crianças”. Em
preparação, avançou,
Sónia Afonso, está uma
campanha de
sensibilização
específica sobre a
temática.
Gregório
Santiago, um dos
juristas do CACVD, é de
opinião de que o
problema de violência
doméstica não se resolve
somente com as leis. “É
preciso associar as
medidas de
sensibilização e
educação para a mudança
da mentalidade”,
defendeu. O jurista
lamentou, no entanto, a
“falta de condições e
meios suficientes” tanto
no CACVD, tento nos
gabinetes distritais da
Polícia Nacional
destinados ao
aconselhamento contra a
violência doméstica para
o atendimento as vítimas
e resolução dos
problemas.
Num
relatório produzido pelo
Centro de Aconselhamento
contra a Violência
Doméstica lê-se que as
deficiências nas
infra-estruturas
oferecem perigo tanto
para as pessoas que lá
trabalham, tanto para as
pessoas que procuram o
centro, além da falta de
mobiliário e de
condições adequadas de
trabalho.
“A
maioria destes gabinetes
precisa de reforma em
termos de
infra-estruturas e
equipamentos. O
atendimento em algumas
destas unidades é feito
em espaço aberto e sem
nenhuma privacidade”,
aponta o documento. Por
outro lado, a directora
do CACVD falou da
necessidade de se ter um
centro de acolhimento
exclusivo para crianças.
“O
tratamento que damos as
crianças não é o mesmo
que o adulto recebe.
Temos de ter melhores
condições”, argumentou,
acrescentando que outro
desafio que a
instituição que dirige
tem é a diminuição do
número de casos. Sónia
Afonso aconselhou as
vítimas [de violência
doméstica e abusos
sexuais] a denunciarem
os actos, procurando o
centro ou ligando para a
“linha verde 150”. De
acordo com a gestora do
centro, embora existam
também homens a sofrerem
violência doméstica, são
as mulheres vítimas que
mais denuncias fazem.
Água
Grande é o distrito com
maior número de casos.
Sónia Afonso garante, no
entanto, que têm estado
a desenvolver campanhas
de sensibilização
naquele local. “Nem
todos os casos enviamos
ao Ministério Público.
Muitos nós mediamos. É
importante dizer também
que temos trabalhado em
rede junto à Protecção
Social para debelar os
casos de agressões
físicas.
O caminho
é longo”, concluiu. O
Centro de Aconselhamento
Contra a Violência
Doméstica de São Tomé e
Príncipe conta com os
préstimos de 17
colaboradores e atende,
em média, seis casos por
dia. Os 17 anos da
instituição foram
celebrados sob o lema
“Stop a Violência
Baseada no Género”.
