FMI segue com "muito
interesse" exemplo
cabo-verdiano de
conversão de divida em
financiamento climático
06.02.2024 -
O Fundo
Monetário Internacional
(FMI) acompanha com
“muito interesse” o
mecanismo de conversão
de dívida em
financiamento climático,
desenvolvido entre Cabo
Verde e Portugal, disse
segunda-feira à tarde o
director do Departamento
Africano da organização.
Abebe Aemro Selassie
espera que, na prática,
este se traduza em
benefícios para o país.
O
responsável, que falava
num briefing sobre as
perspectivas económicas
do FMI para a África
Subsariana, acredita que
o acordo entre os dois
países tem o potencial
de ajudar Cabo Verde a
aceder a verbas que
permitam responder aos
desafios das alterações
climáticas.
“A chave
estará na forma como é
concebido e, em
particular, na garantia
de que o novo
financiamento está em
termos que irão
realmente beneficiar
Cabo Verde e não
implicar despesas
adicionais, o que
deixaria o país numa
posição em que poderá
não ser capaz de
beneficiar tanto dele”,
comentou, questionado
pelo Expresso das Ilhas.
“Portanto, dependerá
muito dos pormenores
deste acordo. Mas, sem
dúvida, esta é uma das
áreas de trabalho que
esperamos desenvolver um
pouco mais, para ver
como podemos ajudar os
países a enfrentar as
ameaças que as
alterações climáticas
representam”,
acrescentou.
Assinado
em Junho do ano passado,
o protocolo entre Cabo
Verde e Portugal
converte 12 milhões de
euros de dívida
cabo-verdiana àquele
país europeu em
financiamento para o
Fundo Climático e
Ambiental criado pelo
governo. Se os
resultados
corresponderem às
expectativas, Lisboa
está disponível a
alargar o mecanismo à
totalidade da dívida, de
cerca de 140 milhões de
euros.
Cabo
Verde é igualmente um
dos países que já
beneficia do novo Fundo
Fiduciário para a
Resiliência e
Sustentabilidade (RST,
na sigla em inglês), do
FMI, com acesso a um
montante máximo de 31,69
milhões de dólares,
conforme aprovado em
Novembro de 2023.
Selassie também destaca
o objectivo da criação
de fóruns para “discutir
a obtenção de mais
financiamento climático
que possa ajudar a
aliviar o fardo
climático de Cabo
Verde”.
Nas
Perspectivas Económicas
Mundias, lançadas a 30
de Janeiro, o FMI prevê
para a África
Subsaariana um
crescimento de 3,8% este
ano, em comparação com
os 3,3% do ano passado.
A inflação continua a
desacelerar e deverá
aproximar-se dos 6% em
2024, quatro pontos
percentuais abaixo das
estimativas para 2023.
O Fundo
encara como
“encorajador” o aumento
no investimento nacional
e estrangeiro ao longo
do último ano, na
região, e realça o
“esforço árduo” dos
países para
estabilizarem a dívida
pública, que estará
agora nos 60% do PIB,
depois de uma década de
aumentos consecutivos. A
nível global, o Fundo
Monetário Internacional
(FMI) espera até
Dezembro um crescimento
de 3,1% da economia
mundial, 0,2% acima da
previsão anterior, de
Outubro de 2023. A
previsão para 2025 segue
inalterada nos 3,2%.
Expresso das Ilhas Por:
NUNO ANDRADE FERREIRA