Recursos da Terra
chegavam ao fim se o
mundo fosse europeu
15.05.2019
-
Se todas as pessoas no
mundo vivessem como os
residentes da União
Europeia, os recursos
naturais esgotar-se-iam
neste dia. Os recursos
naturais da terra
estariam esgotados esta
sexta-feira (10/05) se o
resto do mundo
consumisse como os
europeus, indica um
relatório esta
quinta-feira divulgado,
no qual Portugal aparece
menos "gastador" do que
a média europeia.
Segundo o relatório, da
responsabilidade das
organizações
ambientalistas
internacionais World
Wildlife Fund (WWF,
Fundo Mundial para a
Natureza) e Global
Footprint Network, o dia
10 de maio marca a data
em que os Europeus verão
esgotado o seu orçamento
natural anual.
Se todas
as pessoas no mundo
vivessem como os
residentes da União
Europeia (UE), os
recursos naturais dos
quais dependemos
esgotar-se-iam neste
dia, diz o documento,
segundo o qual Portugal
teria os seus recursos
esgotados apenas no dia
26.
O que
quer dizer que se o
mundo todo vivesse como
Portugal os recursos
acabavam a 26 de
maio.Com base nos
padrões de consumo os
dados indicam que na
Europa foi o Luxemburgo
a esgotar primeiro os
seus recursos, logo a 16
de fevereiro, enquanto
outros países, como a
Roménia, Hungria ou
Bulgária, apenas esgotam
os seus recursos em
junho. No mundo há
países muito mais
poupados. Se todos
vivessem como em Cuba os
recursos dariam até 01
de dezembro, em Marrocos
dariam até dia 16, e no
Níger apenas se
esgotariam a 25 de
dezembro.
Já se o
planeta fosse todo
norte-americano os
recursos tinham-se
esgotado no dia 15 de
março. As duas
organizações lembram que
a sociedade mundial
subiste do que a
natureza dá, dos
alimentos aos
medicamentos, das roupas
aos materiais de
construção, e explicam
que se todos tivessem o
mesmo estilo de vida dos
europeus a humanidade
gastava agora todos os
recursos que a Terra
pode renovar em cada
ano. Tal significa que
eram precisos 2,8
planetas para sustentar
a procura de recursos
naturais que esse estilo
de vida exige. E lembram
as organizações que no
ano passado os recursos
só foram esgotados a 01
de agosto, pelo que os
europeus estão a
acelerar o consumo.
"Durante
o resto de 2019, a
humanidade vai operar ´a
crédito´ de capital
natural, ou seja,
estamos a esgotar as
reservas que a natureza
nos fornece muito mais
cedo", notam as
organizações, que falam
de uma "pressão
ecológica sem
precedentes" que inclui
desflorestação, perda de
biodiversidade, quebra
de populações de peixes,
escassez de água doce,
erosão do solo ou
poluição do ar.
O
relatório destaca as
diferenças entre as
Pegadas Ecológicas dos
Estados-Membros da UE e
as de outros países no
mundo e mostra que
apesar das grandes
variações entre os
países da UE nenhum
deles está a viver num
nível sustentável. No
mapa da Pegada
Ecológica, da
responsabilidade da
Global Footprint Network,
Portugal aparece no
grupo dos países com
menor pegada. Avaliando
a quantidade de solo
necessário para
sustentar o tipo de vida
atual no Luxemburgo cada
habitante precisa de
12,5 hectares e em
Portugal de pouco mais
de quatro.
O
relatório reafirma as
conclusões do relatório
científico da Plataforma
Intergovernamental para
a Biodiversidade e
Serviços dos
Ecossistemas (IPBES) da
ONU, fornecendo
recomendações para as
mudanças urgentes que
são essenciais para
empurrar este dia na UE
para o final do ano,
diz-se num comunicado
divulgado pela
Associação Natureza
Portugal (ANP), que
representa em Portugal a
WWF. Ângela Morgado,
diretora-executiva da
ANP|WWF, afirmou, citada
no comunicado, que o dia
em que são esgotados os
recursos "é um alarme
gritante" que comprova
da UE está a contribuir
"para o iminente colapso
ecológico e climático do
planeta".
"Esta
forma de viver não é
apenas irresponsável, é
completamente perigosa",
alerta. E sobre o mesmo
assunto, Mathis
Wackernagel, fundador e
presidente da Global
Footprint Network:
"Estamos a operar um
esquema de pirâmide com
o Planeta, usando
recursos do futuro para
administrar a economia
de hoje. Isto é
arriscado para a
prosperidade da Europa.
Tal como
fazemos para as
finanças, também
precisamos de uma
contabilidade cuidadosa
do lado dos recursos". A
WWF diz que até ao
início da década de 1970
o planeta era capaz de
prover as necessidades
da humanidade, e que
desde então o consumo
aumentou e agora é muito
maior do que a taxa de
renovação. A organização
sublinha que o consumo
da UE é tal que apesar
de compreender 07% da
população mundial
precisa de 20% dos
recursos globais.
Lusa