EMAE anuncia
racionamento após
corte unilateral da
Tesla STP

27.08.2025 -
A Empresa de Água e
Eletricidade (EMAE)
anunciou, há dias, que
será obrigada a
implementar racionamento
de energia durante dois
meses, após a Tesla STP
– empresa turca
responsável por parte da
produção de
electricidade em São
Tomé e Príncipe –
suspender
unilateralmente o
contrato de
fornecimento.
O episódio expõe a
fragilidade da segurança
energética do país e
levanta questões sobre
soberania, dependência
externa e
sustentabilidade
financeira.
De acordo com o diretor
da EMAE, Raúl Cravid, a
decisão da Tesla apanhou
de surpresa as
autoridades, uma vez que
decorriam negociações
para a regularização da
dívida estatal, com a
participação directa do
primeiro-ministro,
Américo Ramos. “Não
havia motivos para a
Tesla agir da forma como
agiu”, afirmou o
responsável, citado pela
Lusa.
O Governo havia
realizado um primeiro
pagamento de 240 mil
euros para reduzir a
dívida acumulada. Ainda
assim, a Tesla suspendeu
o fornecimento na última
Terça-feira, 19, após
impor um ultimato que
exigia novo pagamento,
de valor não revelado,
no prazo de apenas 24
horas.
A dívida total do Estado
à Tesla STP ronda
actualmente meio milhão
de euros mensais, um
peso significativo para
as frágeis contas
públicas de São Tomé e
Príncipe. Perante este
quadro, Cravid apelou à
intervenção do “defensor
do Estado” para rever ou
revogar o contrato
vigente.
O dirigente acusou ainda
a empresa turca de
violar princípios de
boa-fé contratual e de
agir de forma
autoritária, colocando
em causa a soberania do
país. Sem citar nomes,
insinuou que interesses
políticos externos
estariam a influenciar a
Tesla STP, deixando
implícita uma referência
ao ex-primeiro-ministro
Patrice Trovoada.“Uma
empresa não pode fazer
refém um país. É preciso
que todos nós comecemos
a pensar no país a
sério”, afirmou Cravid.
A crise expõe
vulnerabilidades
estratégicas na matriz
energética são-tomense,
excessivamente
dependente de acordos
externos e de soluções
de curto prazo para
suprir défices
estruturais. Para já, a
população enfrenta 60
dias de cortes
programados, com efeitos
directos sobre a
economia, o sector
privado e a vida
quotidiana.
Forbes
