Investigadora de Centro
da Universidade do
Algarve
premiada por estudo de
peixe em São Tomé

04.07.2025 -
A investigadora Vânia
Baptista, do Centro de
Ciências do Mar (CCMAR)
da Universidade do
Algarve, foi distinguida
com o prémio Mário Ruivo
2025 para profissionais
em início de carreira
com trabalhos na área
dos oceanos, anunciou a
instituição académica.
O prémio é atribuído
pela Comissão
Oceanográfica
Intergovernamental da
Organização das Nações
Unidas para a Educação,
a Ciência e a Cultura (UNESCO-IOC,
sigla em inglês), em
parceria com a Fundação
EurOcean e o Governo
Português, e Vânia
Baptista foi distinguida
por um projeto que
estudou uma pequena
espécie marinha
denominada peixinho (Sicydium
bustamantei), precisou o
CCMAR num comunicado.
O projeto fez o estudo
da espécie, que é
“endémica e pouco
conhecida” em São Tomé e
Príncipe, mas “essencial
para a subsistência de
comunidades ribeirinhas
e costeiras”, esclareceu
o centro de investigação
algarvio.
“Para além de gerar
conhecimento científico
sobre o ciclo de vida,
ecologia, estado de
conservação e o valor
socioeconómico da
espécie, o projeto
envolveu diretamente
pescadores, estudantes e
instituições locais,
promovendo um modelo de
ciência participativa
adaptado aos desafios
locais da conservação
marinha”, acrescentou.
O prémio está inserido
na “Mário Ruivo Memorial
Lecture Series”, que
distingue profissionais
em início de carreira
com trabalhos realizados
na área dos oceanos e
“alinhados com os
Objetivos de
Desenvolvimento
Sustentável das Nações
Unidas”.
Vânia Baptista foi
distinguida “entre
outras propostas de
várias partes do mundo”
e o prémio “reforça o
contributo da nova
geração de
investigadores
portugueses na ciência
internacional dos
oceanos”, essenciais
para a preservação do
ambiente.
“Este prémio não é só
para mim, mas para toda
a equipa do ‘LittleFish-STP’.
Este projeto fez-me
crescer como cientista,
como líder e como
pessoa”, afirmou Vânia
Baptista ao receber o
prémio, atribuído na
segunda-feira em Paris,
na sede da UNESCO.
A investigadora
considerou também,
citada no comunicado do
CCMAR, que o projeto
mostrou ser “possível
ligar as pessoas ao
oceano de formas
inclusivas e
sustentáveis” e promover
“o valor das pescas de
pequena escala, a
literacia do oceano e a
conservação da
biodiversidade, com foco
numa espécie de pequenas
dimensões e
negligenciada, como o
peixinho”.
Na génese do estudo
esteve uma visita
realizada em 2017 a um
mercado local de São
Tomé e Príncipe, onde a
equipa de investigadores
liderada por Vânia
Baptista testemunhou a
venda de dezenas de
peixes de pequenas
dimensões, “como
adultos”, mas que afinal
eram exemplares “juvenis
de uma espécie endémica
e até então
desconhecida”.
O projeto LittleFish-STP
teve início em 2022 e
pôs em prática uma
“abordagem participativa
e em colaboração com
parceiros locais”, que
permitiu fazer o estudo
da espécie e incluir a
comunidade local e
muitas das suas ações.
“Além de reforçar a
colaboração científica
entre Portugal e São
Tomé e Príncipe, através
da partilha de
conhecimentos, o projeto
envolveu também a
comunidade em ações de
monitorização de peixes
e atividades escolares,
bem como em cursos e ‘workshops’.
Esta integração de
diferentes gerações
reforçou um sentimento
coletivo de pertença e
responsabilidade em
relação ao mar”,
destacou.
O trabalho realizado é
também um exemplo de
como é possível melhorar
a conexão com o oceano,
contar com o contributo
de quem depende do mar
para a sua subsistência
e respeitar “a sua
complexidade ecológica”,
com “soluções baseadas
em dados científicos e
que sejam socialmente
justas”, disse ainda a
investigadora.
