Partidos são-tomenses
pedem condições para
tribunal julgar acusados
da morte de civis

06/11/2025
-
Mais de 20 militares,
incluindo altas chefias,
foram acusadas pelo
Ministério Público, mas
até momento não foram
julgados porque o
tribunal civil
declarou-se incompetente
e remeteu o processo
para o tribunal militar,
que tem reclamado meios
para funcionar.
Três dos partidos com
representação
parlamentar, admitiram
hoje que o tribunal
militar deve julgar os
acusados pela morte de
quatro civis, após
tentativa de golpe de
Estado de 25 de novembro
de 2022, e pediram ao
Presidente da República
para instar o Governo a
criar condições o início
do julgamento.
Após encontros separados
convocados pelo chefe de
Estado são-tomense,
Carlos Vila Nova, a ADI,
MCI-PS/PUN e o Movimento
Basta mostram-se
unânimes que a solução
para o caso passará pela
realização do julgamento
no tribunal militar,
enquanto o MLSTP,
insistiu que deve-se
criar condições para o
processo voltar ao
tribunal civil.
Mais de 20 militares,
incluindo altas chefias,
foram acusadas pelo
Ministério Público, mas
até momento não foram
julgados porque o
tribunal civil
declarou-se incompetente
e remeteu o processo
para o tribunal militar,
que tem reclamado meios
para funcionar.
O representante da Ação
Democrática Independente
(ADI), Arlindo Ramos,
considerou que se deve
criar as condições para
a realização do
julgamento no Tribunal
Militar de acordo com a
decisão do Supremo
Tribunal de Justiça.
“É uma decisão que já
está tomada”, sublinhou
o porta-voz da ADI. “O
ADI é a favor do
julgamento. Nós já
manifestámos essa nossa
posição ao Presidente da
República e esperemos
que tudo seja feito de
forma que se conclua o
processo de 25 de
novembro [de 2022] de
forma a apaziguar a
sociedade”, disse
Arlindo Ramos.
O presidente da
coligação Movimento de
Cidadãos
Independentes-Partidos
Socialista/Partido de
Unidade Nacional (MCI-PS/PUN),
Domingos Monteiro,
também defendeu que “tem
que haver justiça”,
para, apontando que tem
havido uma “passagem de
responsabilidade” entre
o tribunal civil que
declarou-se incompetente
para julgar o caso e
remeteu ao Tribunal
Militar, que alega não
ter condições para o
julgar.
“Nós, MCI/PUM, não
politizarmos este caso
porque entendemos que é
um caso polémico e que a
Justiça, de facto, tem
que resolver para que o
povo de São Tomé e
Príncipe conheça
tranquilidade e que
possamos continuar a
desenvolver este país e
tirar este povo da
situação em que se
encontra”, sublinhou.
Monteiro acrescentou que
é preciso o Presidente
usar a magistratura de
influência junto do
Governo e pedir que o
“mais rapidamente”
encontre um edifício
equipado “para que o
Tribunal Militar possa
resolver este
caso”.Também o
presidente do Movimento
Basta, Levy Nazaré, na
oposição, sublinhou que
“este assunto deve ser
resolvido o mais
rapidamente possível”
pelo tribunal militar,
embora o partido
considere que
juridicamente devesse
ser pelo tribunal civil.
“Já que a decisão foi
tomada e parece que não
há volta a dar, que seja
mesmo num tribunal
militar, que o Governo
faça a sua parte de
criar todas as condições
para que haja o
julgamento e que se
apazigue a sociedade”,
apontou Levy Nazaré.
O presidente do
Movimento Basta defendeu
ainda que o processo
deve ser resolvido antes
da pré-campanha para as
eleições gerais
previstas para o segundo
semestre de 2026, e
apontou outras ações que
deveriam ser adotadas
antes do julgamento,
nomeadamente a
exoneração de arguidos
acusados pelo Ministério
Público, que continuam
nas Forças Armadas,
alguns em posição de
chefia.
Levy Nazaré também
defendeu que o Governo
deve apoiar as crianças
e famílias das pessoas
assassinadas no quartel
militar, assumindo a
alimentação e a
educação, assegurando
bolsas de estudos até
acabarem a
licenciatura.“É o mínimo
que o Estado pode fazer,
porque quem cometeu
esses crimes pertence a
um órgão do Estado”,
sublinhou.
Por sua vez, o
presidente do Movimento
de Libertação de São
Tomé e Príncipe (MLSTP),
Américo Barros, defendeu
que “todos que forem
culpados devem ser
responsabilizados
judicialmente” pelo
Tribunal civil.
“A nossa posição inicial
é que julgamento deve
ocorrer no Tribunal
Civil, mas tendo em
conta que já houve uma
diretiva para que ocorra
no Tribunal Militar, tem
que se arranjar os
procedimentos legais
para que volte ao
Tribunal Civil”,
defendeu Américo Barros.
O processo sobre os
acontecimentos de 25 de
novembro de 2022,
desapareceu das
instalações do Estado
Maior das Forças
Armadas, em 16 de
outubro, e levou o
Governo a propor a
exoneração do Chefe do
Estado Maior das Forças
Armadas (CEMFA), João
Pedro Cravid, que foi
substituído pelo
comandante do exército,
Virgílio Pontes.
Lusa
